terça-feira, 17 de março de 2009

Eu to no meu mundo fique no seu !

as vezes eu tento entender pra onde foram todas aquelas historias que eu tinha na minha mente.. quando eu menos esperava.
mesmo parada no sofá , entediada com os desenhos que meus irmaos assistiam, bastava um bonequinho e um pedaço de linha pra que eu brincasse por minutos seguidos.. Nao sabia que muitos desses minutos juntos me levariam pra onde vim parar hoje.
Passava as aulas de redaçao dormindo, nao queria ouvir. Convencida de que ninguem poderia me ensinar o que desde pequena ja era o meu passatempo. Enquanto umas brincavam de boneca ou escolhiam vestidos cor-de-rosa, eu pulava de felicidade por minha mae ter me dado um caderno da minnie novo. Passava horas escrevendo, sobre qualquer coisa que passasse na cabeça, e eram muitas.
Narrar sempre foi um prazer, porque era só ser lançado um tema e ja me vinham os rostos dos personagens, a casa onde moravam, e como seria o final da história. Histórias que eu criava até para quem passasse na rua por mim, insaciavelmente criativa, arranjando motivos para colocá-la para fora. Dificilmente alguém dava atençao, mas quando davam, eu recebia créditos e morria de orgulho de mim mesma. Fazer algo por prazer e ainda ser apreciada por isso? Não podia ter nada melhor. Sensação essa me fez um dia perceber que era o que eu queria pra mim.. passar a vida assim, escrevendo. Sobre o mundo, agora que era gente grande e devia escrever para gente grande ler (por enquanto).
Por ironia do destino ou simplesmente um azar, que vem me acompanhando por um tempo como uma onda inacabável, as imagens coloridas e letras infinitas dos meus pensamentos parecem estar cada vez mais escassas. Ou o mundo me secou, ou aquelas pessoas que nao acreditam na beleza das coisas pequenas que podem se tornar grandes, me secaram.. roubando as fadinhas que me acompanhavam a cada passo que eu dava. Toda vez que essas pessoas falam que não acreditam ou fazem aquela cara de 'acorda pra realidade', uma fadinha morre.
Tem horas que brilha em mim uma ideia, uma frase, e eu corro pra por no papel ou guardo pra mim com um sorriso de quem sabe que a fonte ainda nao foi roubada completamente...
O que me alivia é saber que no fundo as fadinhas nao me abandonaram. É saber que no fundo, gente grande nao sabe ler, nao aquelas que esqueceram o que eram antes de serem grandes. Quem nao sabe contar uma historia e nao sabe colecioná-las, nunca vai acreditar nas coisas que eu quero contar mesmo que sejam inventadas...
Tantas vezes quis fugir pra recuperar em mim o que ficou perdido um pouco no passado. Felizmente eventualmente me deparo com pessoas que fugiram para dentro delas mesmas e conseguem mostrar pra quem quer saber, que existem ainda as ideias fora do coletivo.
Certos dias eu percebo como é bom saber que nenhuma onda de azar vai afogar a minha sorte que faz parte de mim simplesmente porque eu posso ter tudo aquilo que pessoas tristes nao podem... e só nao podem porque esqueceram aquilo que sabiam quando crianças.. tudo é possível quando a gente quer.

Nenhum comentário: