quarta-feira, 27 de maio de 2009

Boa Noite

"Tudo isso me incomoda e eu acho que deveria incomodá-los também. Isso é o que mais me incomoda. E ter algo me incomodando assim me entope os sentidos. Não me conformo com as atitudes e o modo de ser, como se isso fosse o suficiente. O que eu quero dizer é que esse ar parado já se esgotou de oxigênio faz tempo e eu não consigo mais respirar. Preciso sair e encontrar seja lá o que for que me faça sentir em casa e sem essa sensação (...)
Ir pra um dia voltar - temporariamente. Viver assim nunca mais."
 

sábado, 23 de maio de 2009

E o que é que você tem a ver com isso

..eu prefiro infinitamente mais sentir cada corte na minha fina camada do que ser dura e rígida como você.
decidi sentir ao invés de fingir que tudo isso é normal,
e eu não me iludo como você diz,
carinho não é uma ilusão.
Amor não é uma ilusão.
Essa maldade toda te consome e transborda fazendo os outros parecerem tão envenenados quanto o seu coração..

Eu sinto muito, mas não posso mais fazer parte disso.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

From me to you

E se eu te dissesse que te amo, você acreditaria?
Eu fujo sempre que meu coração começa a transbordar pelos olhos, sem molhar.
Somos dois estranhos num mundo tipicamente normal. E eu não sinto nada, nada por você.
Porque quem manda na minha cabeça sou eu. E toda vez que nós não nos tocamos, não podia ser mais íntimo.
Você sabe muito bem.

Foi quando você foi embora sem eu te pedir pra ficar que eu nunca te esqueci...

Dois estranhos. E por que é que parece tão certo quando estamos sentados e a hora some e o dia some e as pessoas somem.. e a gente fica. ?
No one gets me like you do.

Já acostumada com o mundo de mentira, minhas brincadeiras eram meu modo de fazer olharem pro lado e rirem se começassem a chegar perto demais.. e vissem que eu não ria. Não via graça.

O mundo era uma piada sem graça que eu insistia em entender.

E no meio de tudo isso - o único que me fez rir.
Eu gargalhei tão alto e não era pra todo mundo ouvir.. eu não precisava mais. Ri alto demais e era pra mim, era pra nós dois. Ninguém mais precisava saber.

E eu que não sentia nada por você, e tudo, que era brincadeira, me impediu de fingir de novo quando eu parti. O que era de plástico perdeu o sentido..

Você é a melhor risada que eu já dei,
o meu maior sorriso,
o único que nunca forcei e que não me força a mudar.

Dois estranhos nesse mundinho de tipicamente normais. E um universo inteiro pra gente se perder e passar a vida insistindo, sem entender. Mas eu encontrei você e você me encontrou. E eu me encontrei e você se encontrou, no único lugar onde podíamos estar..

nós.

domingo, 17 de maio de 2009

Assim

A cena é assim ( quase escrevi “foi assim”. Corrigi-me a tempo. As cenas da alma não têm passado. Elas acontecem sempre no presente ). Eu e o meu filho de três anos estamos na sala de estar da nossa casa. Só nós dois. Havíamos terminado de jantar. No sofá, sua cabeça está deitada no meu colo. É a hora de contar estórias, antes de dormir. Aí ele me diz: “Papai, põe o disco do violão...” Levanto-me e pego  o disco. Tomando toda a capa, a figura de um violino. Mozart. Ponho a peça que ele mais ama: “Uma pequena serenata”.  É impossível não amar a pequena serenata... Quem poderia resistir à tentação de voar que ela produz? Pode ser que o corpo não voe. Mas a alma voa. Ouvir a “Pequena Serenata” é uma felicidade... ( Note que a “Pequena Serenata” é inútil. Não serve para nada. Ela é uma criatura da “caixa dos brinquedos”, lugar da alegria...)

Quando eu me esforçava por exercer a arte da psicanálise ouvi de uma paciente: “Estou angustiada. Não tenho tempo para educar minha filha.” Psicanalista heterodoxo que eu era, não fiz o que meu ofício dizia que eu deveria fazer. Não me meti a analisar seus sentimentos de culpa. Apenas disse: “Eu nunca eduquei meus filhos...” Ela ficou perplexa. Desentendeu. Expliquei então: “Eu nunca eduquei meus filhos. Só vivi com eles...” Ali, naquela noite, não me passava pela cabeça que estivesse educando meu filho. Eu só estava partilhando com ele um momento de beleza e felicidade. E se a Adélia Prado está certa, se “aquilo que a memória amou fica eterno”, sei que aquela cena está eternamente na alma do meu filho, muito embora ele tenha crescido e já esteja com cabelos brancos. Parte da alma dele é a “Pequena Serenata”, o disco do violão... E por isso, por causa da  “Pequena Serenata”, ele ficou mais bonito...



por: Rubem Alves

quinta-feira, 14 de maio de 2009

dai-me

vai achando...
enquanto eu tenho certeza.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Então me diz:
quando é que esse túnel acaba ?
porque uma viagem só é boa quando se chega a algum lugar
ficar sentada está mexendo demais com minha imaginação...
e pela janela eu vejo todos os carros irem mais ligeiros, novos e bonitos.
As rádios me deixam louca e as mesmas músicas insistem em tocar. Me perseguem.
Onde termina a escuridão ?



Já faz tempo, eu prendi a respiração e fiz um pedido.
E agora eu fico..
sem saber se respiro ou se acredito.